Duas Mulheres

Eu poderia começar esse texto falando sobre duas mulheres e dois destinos...

Mas ao olhar mais de perto, sei que há mais de dois destinos no desfecho da história delas...

Mas eu poderia dizer, duas mulheres e duas formas, dois modelos...

Ambas desejavam a mesma coisa: elas queriam ser Mãe, mais do que isso: elas queriam gerar, ter um filho.

Ambas sofriam por ter que disputar o amor do marido já que não eram a única esposa.

Falo de Raquel e Ana...

Raquel disputava o amor e atenção de Jacó, com sua própria irmã Lia (ou Léia). Embora fosse a esposa preferida, não se sentia melhor que sua rival e por isso, vivia em amargura e a disputa era ferrenea.

Ana, tinha por rival uma estranha, não sei se isso é pior ou menos ruim, o certo é que Penina a molestava todos os dias por ter dado filhos a Elcana enquanto Ana, mesmo sendo a amada, sentia-se menos por não dar filhos a seu marido.

Quando olhamos para Raquel, vemos um desespero pelos planos, projetos para tentar obter seu objetivo. Observamos chantagem e barganha...

Ela está realmente desesperada e busca por todos os meios obter seu intento.

- Ela barganha o sobrinho e a irmã por madrágoras

- Ela intima o marido a que lhe dê filhos – como se ele tivesse tal poder

- Ela dá sua serva, para que por meio dela tenha filhos – filhos que jamais seriam seus filhos.

Ana por sua vez... Era deprimida e resignada... Ela só chora...

Não deseja se alimentar e pouco vemos sua ação para mudar seu estado nas páginas da Bíblia...

Ela esperava que Deus um dia a atenderia, por isso não deixava de pedir a Ele.

Não vemos Ana chantagenado ou barganhando para ser mãe...

Mas um dia ela decide fazer um voto, um sacrifício... Uma renuncia:

- Dar a Deus o que ela mesma, muito, desesperadamente desejava.

Deus a ouviu.

Deus ouviu e atendeu ambas.

Raquel, quando nascia uma criança, dela ou de sua serva, dizia:

- Deus Ouviu! (Dã, filho de sua serva Bila)

- Lutando e vencendo (Naftali, filho de sua serva Bila)

- Deus Fez! Tirou minha vergonha – Ao nascer seu filho José e acrescentou:

- Me dê mais, Deus

Raquel nunca parecia feliz, mesmo tendo crianças nascendo.

Nunca estava satisfeita... Nunca estava contente...

Ela queria mais e mais... Estava obcecada.

E por fim... Quando sua alma lhe saiu ao dar a luz a Benjamim, em seu ultimo suspiro ela disse:

- Filho de minha amargura ( o nome que ela dera ao filho era Benoni).

Aquela mesma mulher que disse: - Dá-me filhos senão morro, agora morria ao dar a luz.

Triste fim...

Não viu seu primeiro filho, como grande governador do Egito.

Ana, ao conceber e dar a Luz seu filho, o chamou:

- “pedi a Deus” – Samuel... E em seguida o devolveu.

Não vemos Ana dizendo:

- Mais, Deus... Por favor, eu cumpri o que prometi...

Ao contrario disso, ela nos presenteia com um dos mais belos cânticos que temos nas escrituras

– I Samuel cap. 2

Em seguida, vemos Deus lhe acrescentando naturalmente mais filhos... mais cinco depois de Samuel.

E não somente isto, Ana pode ver seu filho todos os dias e acredito que o viu como sacerdote e juiz de Israel... embora a nação como um todo estivesse se corrompendo, inclusive os filhos do sacerdote Eli, vemos a vida de Samuel contrastar...“Mas o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e dos homens”

Como temos nos comportado enquanto aguardamos o tempo de Deus chegar em nossas vidas?

Temos estado tão obcecados que não conseguimos esperar e procuramos agir?...

Ana disse em seu cântico: Deus me libertou!...

Que essa seja nossa oração...

Ao desejar as bênçãos de Deus que não estejamos presos a elas a ponto de perdermos a vida para obtê-las, mas que a busquemos mediante a graça divina e assim termos mais de Deus porque Ele dá liberalmente.


* fiz montagem de duas imagens retiradas do google imagens