Meu estágio - dia 05 - Politicamente Correto

A quem queremos enganar?

eu estudei em escola publica, não sou uma hipócrita.

E muito menos falo do que não conheço...

uma coisa posso dizer, elas pioraram.

Pedi a uma professora para assinar um "lote" de aulas que havia assistido, façam as contas...

em cinco dias de estágio, acompanhando de cinco a seis aulas/dia dá mais ou menos 30 - 32 relatórios diários. pois é... eu também acho, fazer o quê.

ela foi ler, claro, seria o nome dela que estaria ali...

até que ela disse, você não pode colocar no seu relatório que os alunos são indisciplinados, que não se interessam pela atividade.

diante da minha cara de pastel, ela acrescentou, seja politicamente correta, senão vai ter que refazer isso tudo...

agora, povo querido e inteligente, quem acha que a educação tá uma maravilha levanta a mão!

nem eu.

então alguém diz, mas é antiético...

até onde sei, o fato de não citar nome de ninguém, nem tão pouco o da instituição me exime de qualquer coisa... eu sou livre pra expressar minha opinião... a lei me garante isso.

Num canto da sala o aluno sequer abriu o caderno, ele jogava no celular, em outro canto a gatinha  da sala usando uma calça legging apertada desfilava em busca de uma tomada para conectar seu tablet, isso mesmo, você não leu errado, tablet, para carregar a bateria. Feito isso, passou a navegar no facebook - nada contra a rede social, eu faço uso dela, a questão é a hora e lugar. Em outra fileira dois alunos compartilham de um fone ouvindo, claro musica no celular, ou seria alguma aula gravada?

eis que lá na parede principal da sala uma viso proibindo o uso de celular em sala de aula, em hora de aula.

Então na frente da turma está lá a figura patética da professora falando comigo, sim, eu era a única que a ouvia explicar o assunto, pois os que não faziam uso do celular ou conversavam ou dormiam sobre os livros.

Meu estágio - dia 04 - Evolução é, ás vezes, involução.

Não é do mais rápido

Não é do mais bonito

Não é do mais forte...

É dos que se adaptam

é dos que se acostumam...

Não sei o que pode ser pior, viver num ambiente hostil e sofrer, por perceber ou adaptar-se acostumar-se?

A questão é que trata-se de duas pontas.

de um lado o professor, que é visto pela família e pelas autoridades como o grande salvador e responsável pelos bons resultados como se fosse magico ou super poderoso.

e de outro lado o aluno, cujas atitudes nada mais são do que reações aos quadros em que é inserido. O tratamento que recebe dos pais, o lugar em que vive, os valores que são ensinados em casa, pois é la´que passa a maior parte de seu tempo.

e os pais?

julgo que são os que mais tem responsabilidade na formação de seus filhos, de fazer o máximo para que sejam quem eles almejam.

ninguém nasce pronto, somos construídos.
E, não é o professor que deve ensinar o aluno bons modos, isso ele deve trazer de casa.

Agora sobre a evolução..

a escola é um lugar em que parte dessa evolução acontece, mas não é a unica.

porem... um fato me preocupa..

A teoria da evolução parece dizer que nos adequamos as circunstâncias por isso sobrevivemos, penso que essa teoria não se aplica a sociedade do seculo 21.

eu fiquei estarrecida quando ao entrar na escola em meu quarto dia, eu já estava familiarizada com os sons quase ensurdecedores, com a sujeira e com a indisciplina dos alunos.

Isso não é evolução... eu não posso me adequar, devo estar sempre incomodada, pois é só assim que haverá esperança de mudança.

eu fiquei boba ao saber que um dia essa escola foi referencia na cidade, todos queriam estudar lá, hoje isso pertence ao passado, mas penso que é possível desevoluir e retornar, sentindo-se infeliz e disposto a mudar o lugar em que está.

como diz uma frase, seja eu (grifo meu) a mudança que desejo ver no mundo.

Meu estágio - dia 03 - Desinteligente

Os meninos são ensinados a ser homens, leia-se truculentos e mal educados. E as meninas a ser mulher, leia-se vulgar e fúteis.

Onde aprendem isso? Com certeza não é na escola.

Chega a ser uma piada eles pensarem que sou do conselho tutelar, me olham admirados, porem nem ao menos fingem que estão estudando. Não há temor ou respeito pelas autoridades.

Eu queria ser otimista e vislumbrar um futuro melhor, mas as estatísticas estão contra esses meninos e meninas...

Sinto dizer isso, mas é a realidade.

É tão fácil escolher um bom aluno -aqueles pinçados, três ou quatro, de um numero de 35 ou mais - e investir nele e esquecer o resto. É isso mesmo, resto. Eu não tenho orgulho de ter escrito essa palavra que soa tão vil. Deveria ter pensado melhor antes de digitar e escrever algo mais digno, afinal são seres humanos. Afinal não, são seres humanos e mais, ou pior, são crianças.

Nenhuma criança nasce falando palavrão - isso é aprendido.

Nenhuma criança nasce fazendo piadinhas obscenas ou andando e se vestindo de forma sensual, provocativa, isso também é aprendido. Onde? Garanto a você que não é na escola.

Eu fico olhando e meu coração dói porque eles pensam que estão abafando, mas não passam de marionetes de um sistema que espera que eles continuem assim, afinal é preciso que pobres continuem pobres e ricos permaneçam no topo. Triste. Indignada. Uma decepção. 

Não é uma coisa só... Todas as peças da engrenagem estão com problemas...

Ah, e sobre o desinteligente...

O caso é o seguinte, um garoto ameaçou a supervisora e ela acionou a policia que intermediou a conversa, no final o policial fez o relatório e ela assinou, mas não sem reparar que o aluno foi desinteligente com ela.

É isso aí, passa do muro da escola.

Meu estágio - dia 02 - A sujeira toma conta

Só pra esclarecer essa foto NÃO é da escola em que estou estagiando - peguei na internet, de uma reportagem.

segue link: http://noticias.r7.com/distrito-federal/fotos/sem-limpeza-escola-do-df-esta-tao-suja-que-rato-e-visto-em-sala-de-aula-29082013?foto=7#!/foto/3

Se não tivesse cesto de lixo eu entenderia. E mesmo que aquela lata não fosse tão atraente, ainda podia receber a sujeira.

Eu sentei numa cadeira no fundo da sala, a mesa estava quebrada, mas a equilibrei entre os suportes e torci pra que um acidente não acontecesse, pois não havia outra. Notei que a parede estava com o reboco saindo, aliás toda a parede estava esburacada. Olhei pro teto e o ventilador estava retorcido, fiquei dois segundos imaginando o que pode ter acontecido pra ele ficar daquele jeito. Era um mistério e tanto. em outra sala era o fio da lampada que ficava a altura de nossas cabeças.

Havia mais casquinha de bala no chão que alunos na sala.

O quadro se repete na sala seguinte:

Os alunos brigavam entre si, sopram pó de giz na cara um do outro. Em outra parte da sala um aluno batia no outro com a garrafa de água, que estourou respigando no chão, junta-se a isso a sujeira perene no chão, virou uma lama!.

A professora tenta fazer a chamada por cima do barulho incessante.

O cenário era o mesmo apesar do rosto diferente dos alunos, carteiras caindo, gritos e gargalhadas.

Essa sala em questão fica ao lado do banheiro que imagino não ser um exemplo de limpeza, a comparar com a sala...

Havia moscas e mosquitos girando o tempo todo no ar...

Havia o cheiro constate de salgadinho de queijo e reparei no rosto deles o farelo. Agora some esse cheiro à sala quente e bafada e as moscas  e mosquitos.

É preciso mais que força de vontade de vencer, pra superar todo esse quadro e estudar.

É fácil dizer que o aluno é bagunceiro, a bem da verdade, ele está apenas respondendo a altura do que está sendo oferecido.

E, por outro lado o professor dar aula num ambiente mais que inóspito.

Meu estágio - dia 01 - A pior escola

Não nego.

Desde que comecei a cursar Letras, eu contava os dias em começar a estagiar.

Até que começando o quarto semestre eis que abre a Disciplina "estagio Supervisionado" - soa tão importante, tão imponente...

E eu lá, cheia de dentes comentando com algumas pessoas, que torceram o nariz e já tem esquematizado formas de burlar o sistema e 'concluir' o estagio, sem efetivamente estagiar... É o ciclo... gira assim... todos reclamam da corrupção, mas quando tem chance de burlar a lei, infringir as regras, não hesitam.
Ok, cada qual com seus problemas...

Esse não é o foco principal do meu post.

A decepção começou quando fui à escola pedir autorização... Uma palavra que a defina, sucateada.

Eu sempre soube que a educação no Brasil não é do tipo que se possa chamar de "uma beleza", mas ver de perto, é outra historia.
Eu estudei em escola publica, até o ensino médio, mas as coisas ainda estavam ao menos de pé.

Ontem eu entrei naquele lugar e em cada passo que dava meu coração oscilava entre raiva e tristeza, decepção e pasme, esperança...

Há quem pense que a escolha pelo magistério é feita quando tudo falhou... Engano.

Pra ser professor, não basta a licenciatura, é preciso vocação, dom.

Estou estagiando no período da tarde e que quadro tenebroso! salas sem ventilador, abafadas, sujas. Dizer que o lugar é quente é, no minimo, uma redundância. Mas o pior estava por vir, quando meus olhos procuraram o cesto de lixo deram numa lata de tinta grande. É isso mesmo, uma lata de tinta... nua e crua... Não foi reutilizada com artesanatos dando beleza à lata, ela estava ali, enferrujada e amassada.

Eu parecia uma atração na escola. Todos ficaram curiosos ao meu respeito e fui apresentada como se fosse alguém importante, mas não adiantou, os alunos se mantiveram na mesma indisciplina recorrente.

A professora a qual eu acompanhava disse enquanto íamos de uma sala a outra:

Você escolheu a pior escola pra estagiar.

Aquilo soava como uma sentença... mas meu espirito não se abalou, ela esboçou um leve sorriso e disse, quando eu terminei a faculdade pensava como você.